quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Carajás para quem?

Vou logo dizendo que sou favorável à criação do Estado de Carajás. Mas confesso: algo me preocupa muito nessa história toda.
Nas discussões sazonais sobre o assunto o que eu vejo é uma preocupação irritante em relação aos grandes projetos.
Só se fala nos tais grandes projetos. Só se fala nos recursos que eles vão gerar, os quais não podem ser divididos com o restante do Estado.
Para mim, essa é uma questão que já ficou clara.
Mas, eu não vejo ninguém falar, de fato, em socializar a riqueza com a população mais pobre, em desenvolvimento sustentável e em apoio à agricultura familiar dentro de um novo modelo de produção que seria iniciado aqui a partir do sonhado Carajás.
O que me preocupa mais ainda é o fato de que muitos dos nossos representantes, que se mostram ávidos pela criação do novo Estado, estão envolvidos em crimes ambientais e acusados de manter trabalhadores em regime de escravidão.
Seria, para eles, o Estado de Carajás uma forma de criar um feudo, dentro do qual governariam como quisessem, pois teriam em suas mãos o judiciário e os órgãos fiscalizadores do poder executivo?
Essa é minha maior preocupação.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Exoneração a cavalo

A governadora Ana Júlia Carepa determinou, na noite de ontem (24), o imediato afastamento do diretor do Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci, o médico José Aldo de Oliveira Pinho.

A medida foi tomada após notícia do Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre o flagrante de exercício ilegal da profissão praticado por um estudante de medicina, que usava o carimbo e o número do Conselho Regional de Medicina (CRM) de José Aldo.

Junto com a essa medida, bem que a governadora poderia aproveitar e aumentar o número de médicos naquele hospital e noutros que existem por aí e por aqui, afinal de contas - embora não justifique - toda aquela lambança que acabou indo parar na Rede Globo foi motivada, em parte, pela falta de profissionais médicos em número suficiente para atender à população que precisa do Sistema Único de Saúde no Pará.
DEUS, O GRANDE DEVASTADOR AMBIENTAL
Nesta região em que já nos cansamos de ver o sol se pôr avermelhado pelas queimadas, não há nada de novo sob o céu. Apesar das novas cores que pintam a prática governamental em Marabá, a realidade de apropriação do bem público pelo interesse privado se repete. É a prática patrimonialista que toma a máquina estatal às mãos de pequenos grupos privilegiados.

Bem, este é o nosso mundo: somos a resposta exata do que a gente perguntou, ou não, já que a maioria nada se pergunta. Resultado, Deus é o grande culpado por tudo: pelas folhas que caem, pelas crianças mortas nos hospitais, pelo dinheiro público gasto nas pinturas banais e, quem sabe, pelo comprometimento da folha de pagamento com as igrejas leais. Cabe perguntar: Deus é responsável também pelo desrespeito aos preceitos constitucionais?

E sob o olhar de todos em Marabá o Estado deixou de ser laico, contrariando os princípios republicanos. Anuncia-se que a cidade é de Jesus em um outdoor de boas vindas posto na estrada às portas de Morada Nova - nome sugestivo para os cristãos, mas aqui cada vez mais nos assemelhamos a Sodoma, ou melhor, ao estado de Babilônia. Babylom Sistem avisa a Tribo aos guerreiros maranhenses por estas terras tratados preconceituosamente como sub-humanos.

A sociedade como obra humana resulta historicamente de ações motivadas pelos sentidos que os homens constroem sobre as coisas e sua existência. Por toda Marabá o “azul e branco do céu” foi maculado por algo que não é obra das queimadas, nem mesmo das mãos de um Deus, por mais que seu nome continue sendo usado para legitimar pecados do poder público, nada em vão.

O principio já chegou ao fim e aqui os governos sucessivamente pautam suas ações sociais por fins determinados que tomam a ética como coisa descartável: o sentido principal das políticas é fomentar o acumulo de poder e concentração de riquezas. Como dizem, “pior”: São Paulo agradece, empresários enriquecem, agricultores da região empobrecem, as escolas padecem, a merenda emagrece e quem “pastora” seus interesses políticos envaidece.

A ignorância humana: por séculos ignóbeis senhores instalados em lugares de poder político ou religiosos insistem em assassinar Cristo, utilizando-o para justificar a cada época seus interesses mórbidos, mesmo quando estes contrariam radicalmente os ideais do “amor ao próximo”. Num tempo em que os livros das estantes [bíblias, teses e códigos jurídicos] servem só à quem não sabe ler, resta saber quem será Pilatos.

PS: Salve Raulzito e Max Weber.

PS2: A justiça é cega mesmo ou esta era uma daquelas verdades do tipo o Estado é laico?

Evandro Medeiros [Pedagogo e Mestre em Educação]

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"Lágrimas do sol" (rsrsrsrs)

Quem estava lá diz que o prefeito Maurino Magalhães foi às lágrimas ao ver realizado seu sonho de terceirizar a merenda escolar de Marabá, apelidada agora, gentilmente, de "refeição escolar".
Dizem as más línguas - das quais eu não faço parte - que o choro de Maurino foi de alívio por ter, finalmente, conseguido cumprir compromissos de campanha, beneficiando gente que lhe ajudou com recursos financeiros para vencer a eleição e que agora lhe cobrava o retorno.
Aliás, falando nisso, olhando bem as fotos da refeição escolar, o que se vê dentro do prato azul (ainda pertencente ao município) é um punhado de arroz do tipo "unidos venceremos", quatro pedaços de frango branco sem corante algum e três rodelas de cenoura.
Este banquete está saindo para a prefeitura pela bagatela de R$ 74 milhões (valor total do contrato).
"Chegou a hora de mostrar o meu veneno... tô todo me tremendo, tô todo me tremendo..."