Carajás para quem?
Vou logo dizendo que sou favorável à criação do Estado de Carajás. Mas confesso: algo me preocupa muito nessa história toda.
Nas discussões sazonais sobre o assunto o que eu vejo é uma preocupação irritante em relação aos grandes projetos.
Só se fala nos tais grandes projetos. Só se fala nos recursos que eles vão gerar, os quais não podem ser divididos com o restante do Estado.
Para mim, essa é uma questão que já ficou clara.
Mas, eu não vejo ninguém falar, de fato, em socializar a riqueza com a população mais pobre, em desenvolvimento sustentável e em apoio à agricultura familiar dentro de um novo modelo de produção que seria iniciado aqui a partir do sonhado Carajás.
O que me preocupa mais ainda é o fato de que muitos dos nossos representantes, que se mostram ávidos pela criação do novo Estado, estão envolvidos em crimes ambientais e acusados de manter trabalhadores em regime de escravidão.
Seria, para eles, o Estado de Carajás uma forma de criar um feudo, dentro do qual governariam como quisessem, pois teriam em suas mãos o judiciário e os órgãos fiscalizadores do poder executivo?
Essa é minha maior preocupação.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
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2 comentários:
Muito oportuno levantar este debate, então aqui faço minhas reflexões.
O Estado e o capital em conjunto regulam as ações de dominação na região. Eles usam da força conjunta para favorecer grupos organizados na economia e na política, tendo como objetivo final à expansão e a concentração de capital na região. Nessa estratégia, utilizam a superexploração e colocam a natureza a serviço de grandes conglomerados econômicos (CVRD, siderúrgicas, frigoríficos e agropecuárias) . A exploração do homem e do seu ambiente passa ser regra.
A elite regional dirigente do agronegócio (grandes fazendeiros, industriais e comerciantes) tem liderado ao longo dos anos através dos deputados Asdrúbal Bentes PMDB e Giovanni Queiroz PDT o movimento emancipancionista do Sul e Sudeste do Pará. E mais recentemente o prefeito Darci Lermen do PT ( Parauapebas) e a deputada Bernadete PT se apresentam na defesa da divisão do estado como uma alternativa para o “desenvolvimento”. No entanto, atos festivos que estão sendo realizado recentemente não dão resultado positivo, pouca gente comparecem, apresentando frustração entre os que organizavam.
Apesar do conglomerado VALE não manifestar direto ou indiretamente uma posição em relação a divisão do estado, vale ressaltar que a empresa que tem mais interesse no processo de criação do Estado de Carajás é a própria Vale. Para assumir de vez o controle da região da qual ela atua como um verdadeiro Estado paralelo.
Velhas oligarquias que hoje podem estar sub-representadas voltarão à esfera de poder e terão nova projeção. Além disso, a possibilidade de que a União arque com os recursos para o desenvolvimento dos novos Estados também seria um atrativo para muitos interessados na divisão.
Portanto, devemos afirmar uma posição clara e desafiante com relação à não criação do Estado de Carajás. È necessário um novo modelo de DESENVOLVIMENTO, articulado com uma Reforma Agrária sobre controle dos trabalhadores e inserida no fortalecimento da Agricultura Familiar. Somente invertendo a lógica econômica é que vamos barrar a movimentação entorno da criação de Carajás.
Eu ainda tenho esperança de que podemos criar um novo Estado com ideais novos. Mas "o caminho é longo e mal e nossos pés feridos estão. estará ainda longe nossa Canaã?"
Aquele abraço.
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